Você tem alguma ideia de quantas vezes faz xixi por dia? Sente mais urgência para urinar? Mudanças nesses padrões podem ser indício de falha em algum ponto
O organismo humano é um sistema inteligente. Quando o funcionamento dos seus mecanismos sofre algum desajuste, ele emite sinais. Isso pode ser observado claramente na saúde urológica. Bastante sensível, ela coleciona algumas mudanças nos padrões miccionais que podem estar relacionadas com várias disfunções. Dar a devida atenção a esses alertas iniciais muitas vezes representa a diferença entre sofrer com sintomas mais intensos ou tratar precocemente.
Um dos recados a serem investigados é a necessidade de acordar durante a noite para urinar. Pelo menos até a sexta década de vida, é comum o indivíduo dormir a noite inteira sem interrupções e urinar somente ao acordar após o sono restaurador. Após os 70 anos, em razão das mudanças metabólicas características do envelhecimento, a interrupção do sono para urinar é vista como uma adaptação provável e que não surpreende. Ainda assim, dentro de limites que sugerem duas idas ao banheiro por noite. Não é considerado natural acordar a cada hora para ir ao banheiro.
Independentemente da idade, vale averiguar esse despertar noturno para fazer xixi. Pode ser simplesmente um indício de que o indivíduo ingeriu muito café ou refrigerantes contendo cafeína, o que altera o sono e pode irritar a bexiga. Mas também pode ser um sinal associado à incontinência urinária, bexiga hiperativa, alterações cardíacas, diabetes ou aumento benigno da próstata (HPB), entre outros males.
Da mesma forma, outros “avisos” do sistema urinário precisam de avaliação médica. Como a vontade urgente de esvaziar a bexiga, daquelas que obrigam a sair correndo em busca de um banheiro senão… a urina escapa. Ou então o desejo forte de fazer xixi que chega subitamente, ainda que a pessoa consiga ter controle até chegar ao local adequado.
Há ainda quem registre um aumento do número de vezes que necessita urinar ao longo do dia ou observe modificações do jato urinário. Além do enfraquecimento, pode acontecer de o primeiro jato demorar para sair ou se apresentar descontínuo, em intervalos.
Mais um indício pode ser a sensação constante de que a bexiga não ficou totalmente vazia depois da micção, o que deixa o indivíduo em prontidão para nova ida ao banheiro, ainda que sem sucesso. Soma-se a esses sinais um incômodo gotejamento involuntário que acomete alguns segundos depois de urinar. Pode até ocorrer da cueca ficar molhada…
Em virtude dessas alterações estarem listadas entre os sintomas comuns a várias doenças, o urologista precisará fazer muitas perguntas sobre os padrões urinários e os exames de toque retal (para avaliar o tamanho, consistência e forma da próstata) e ultrassom e poderá pedir estudos do fluxo de urina e cistocopia (analisa o interior da bexiga) para fechar o diagnóstico. Em algumas situações, uma ressonância magnética poderá auxiliar no diagnóstico.
Evidentemente, as variações nos padrões urinários e a necessidade de fazer exames podem deixar o indivíduo inseguro. Mas é importante não se fechar, seja por medo de ter algum problema ou receio de os amigos acharem que você está ficando com mania de doença (muita gente deixa de ir ao médico por isso, acredite). Para quê correr risco se é mais saudável e mais fácil corrigir os problemas ainda no início, quando eles dão os primeiros sinais?
Para tudo tem tratamento. Nas situações em que o médico identificar a presença de hiperplasia prostática benigna (HPB), muitas vezes a terapia começa com a indicação de medicamentos. Existem algumas classes disponíveis, a exemplo dos alfa-bloqueadores e inibidores da 5-alfa-redutase, dos inibidores fosfodiesterase 5 e dos agonistas beta 3-adrenérgicos. Se não forem eficientes, o passo seguinte é recorrer aos procedimentos cirúrgicos. Confira opções no post RTU ou embolização? (link para o post RTU ou embolização?). Sem o devido cuidado, o aumento da próstata pode levar a complicações como a retenção urinária aguda (com necessidade de sonda vesical), cálculos e piora do funcionamento da bexiga, sangramentos urinários, dilatação das vias urinárias ou insuficiência renal.